Kamis, Juni 12, 2025

Quatro Dedos Para Mim

 

Poema de Martins. S

Fico em pé sobre as feridas dos outros,
apontando com um dedo, entre silêncios e gritos frouxos.
Achei que eu soubesse o melhor caminho,
mas meu coração se perdeu no próprio desalinho.

Apontei teu rosto com falsa razão,
sem ver as rachaduras na minha própria mão.
Um dedo te acusa com arrogância e dor,
mas quatro se voltam a mim — sem favor.

É fácil julgar por fora a aparência,
sem perceber a alma cheia de carência.
Te condeno por medo do que vejo em mim,
meu reflexo no espelho é o real fim.

Agora me calo, com vergonha no olhar,
tentando entender antes de apontar.
Pois os quatro dedos voltados a mim,
são mestres duros — mas justos até o fim.
%FIM%